quinta-feira, 22 de março de 2012

A Arte de Theodor Kittelsen

Theodor Severin Kittelsen foi um dos artistas mais famosos da Noruega. Kittelsen se tornou famoso por pintar cenários da natureza e ilustrar contos de fadas, lendas e especialmente trolls, criaturas do folclore escandinavo.

Kittelsen morreu cedo, deixando sua mulher e seus 9 filhos em uma situação financeira difícil, forçando-os a vender suas pinturas e desenhos por preços ridículos, que anos mais tarde estariam valendo uma fortuna. Segundo seus filhos, Theodor acreditava e insistia que podia ver trolls, ninfas e outras criaturas místicas.






























 
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Fontes: http://legio-victrix.blogspot.com.br
             http://lucidremembrances.blogspot.com.br

quarta-feira, 21 de março de 2012

Edda Poética e Edda em Prosa


Os textos da Edda contam-se entre os mais antigos da literatura medieval nórdica - preservados inicialmente no manuscrito islandês Codex Regius - e deslumbram o leitor moderno por sua vigorosa concepção do mundo, numa linguagem cuja força nada perdeu com o tempo.

Pelo nome de Edda conhecem-se duas coleções de textos islandeses do século XIII - Edda poética ou antiga e Edda em prosa ou moderna - que constituem a fonte de tudo o que se sabe sobre a mitologia germânica comum aos povos escandinavos.

A Saemundar Edda, ou Edda poética, é um ciclo de poemas narrativos de tema heróico e mitológico contidos num manuscrito descoberto no século XVII.

Foi redigido na segunda metade do século XIII por autor ou autores desconhecidos, mas inclui textos muito anteriores, escritos entre os anos 800 e 1100.

De estilo simples e expressivo, os poemas se agrupam em duas partes: o ciclo mitológico, cuja introdução é a "Völuspá" ("Profecia da Sibila"), começa por um relato cosmogônico seguido da destruição do mundo após a morte dos deuses, e continua com o "Hávamál" ("Palavras do supremo"), ciclo de poemas didáticos que expressam toda a filosofia de vida e a ética dos antigos escandinavos. A segunda parte trata dos heróis germânicos; seus cantos formam o remanescente mais antigo dos temas centrais da epopéia germânica de Os nibelungos.

A Snorra Edda, ou Edda em prosa, foi redigida em 1222 por Snorri Sturluson, poeta e historiador islandês.

O manuscrito mais antigo conservado data de 1300.

Destina-se aos jovens poetas e os instrui sobre a métrica usada pelos escaldos ou poetas profissionais islandeses, com funções semelhantes às dos jograis.

Essa Edda fornece informações sobre os temas mitológicos tratados pelos escaldos. O livro compõe-se de um prólogo e três partes: "Skáldskaparmál", "Háttatal" e "Gylfaginning". As duas primeiras tratam, respectivamente, da complexa linguagem dos escaldos, rica em metáforas, e de sua métrica. A terceira parte tem a forma de um diálogo e narra a visita do rei dos suecos, Gylfi, a Asgard, a cidadela dos deuses, que com senso de humor e vigor descritivo lhe falam da origem do mundo e dos mitos.

Matéria publicada na EmDiv Magazine Kindle Edition - Maio 2011

Conteúdo:
Poemas Mitológicos
Incluídos no Codex Regius

- Völuspá (A profecia da mulher sábia, A profecia da vidente)
- Hávamál (A balada do mais alto, Os ditos de Hár, Os ditos do mais alto)
- Vafþrúðnismál (A balada de Vafthrúdnir, A canção de Vafthrúdnir, Os ditos de Vafthrúdnir)
- Grímnismál (A balada de Grímnir, A canção de Grímnir, Os ditos de Grímnir)
- Skírnismál (A balada de Skírnir, A canção de Skírnir, A jornada de Skírnir)
- Hárbarðsljóð (O poema de Hárbard, A canção de Hárbard)
- Hymiskviða (A canção de Hymir, O poema de Hymir)
- Lokasenna (A discussão de Loki, O cinsurso de insultos de Loki, A disputa de Loki)
- Þrymskviða (A canção de Thrym, O poema de Thrym)
- Völundarkviða (A canção de Völund)
- Alvíssmál (A balada Alvís, A canção Alvís, Os ditos de toda a sabedoria)

Não incluídos no Codex Regius
- Baldrs draumar (Os sonhos de Baldr)
- Rígsþula (A canção de Ríg, O canto de Ríg, A lista de Ríg)
- Hyndluljóð (O poema de Hyndla, A canção de Hyndla)
- Völuspá in skamma (A curta Völuspá, The Short Seeress' Prophecy, Short Prophecy of the Seeress) - incluído em Hyndluljóð.
- Svipdagsmál (A balada de Svipdag, A canção de Svipdag) - Este título original de Bugge, atualmente compõe os dois poemas:
- Grógaldr (O feitiço de Gróa, Feitiços de Gróa)
- Fjölsvinnsmál (A balada de Fjölsvid, A canção de Fjölsvid)
- Gróttasöngr (A canção de Mill, A canção de Grotti) (não incluído em muitas edições)
- Hrafnagaldur Óðins (A canção do corvo de Odin, O canto do corvo de Odin) (não incluído em muitas edições).
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Fonte: http://lizzabathory.blogspot.com.br

terça-feira, 20 de março de 2012

Asatru - As Nove Nobres Virtudes

Falaremos aqui das Nove Virtudes Asatruar que são: Coragem, Verdade, Honra, Fidelidade, Disciplina, Hospitalidade, Laboriosidade, Independência e Perseverança.

 

CORAGEM: Bem, coragem é mais que uma Virtude, é um principio. Dela se deriva o Valor, o Alto - Sacrifício , a Honra e a Verdadeira Espiritualidade. Se você não procurar ter coragem, não enfrentara nem conhecera seus próprios limites. Com Coragem e força, não só você conhecera realmente seus limites, mas com o tempo você poderá rompe-los e conhecer limites ainda maiores e poder caminhar para a perfeição e o Infinito. O Pior inimigo a se enfrentar não é externo, ele esta dentro de você. É mais fácil você enfrentar mil soldados inimigos do que enfrentar Seu próprio lado obscuro e confrontar sua Verdadeira Natureza. Portanto Coragem é algo a se praticar externamente e internamente. Você só deve retroceder em uma batalha, seja ela de que natureza for, quando sua morte ou derrota não for construtiva para nada. Afinal "um Homem morto não é útil para ninguém." e "um sábio sabe as batalhas que realmente valem a pena ser disputadas." Ou seja, Coragem sim, mesmo que para enfrentar a Morte, mas Coragem sempre com Sabedoria.

"Silencioso se torna o Filho do príncipe,
Ser silencioso mas bravo na batalha:
Isto deixa adequado um homem para casar e ser grato
Ate o dia de sua morte
," Havamal - verso 15


"O covarde crê que ele vivera para sempre
Se ele permanecer na retaguarda em batalha,
Mas na velhice, ele não terá nenhuma paz
Como se lanças perfurassem seus membros
" Havamal - Verso 16

"
Os corajosos e atrevidos tem as melhores vidas,
São raramente assediados por preocupação,
Mas a gentalha vê sujeira em toda parte
E o miserável definha por presentes.
" Havamal - Verso 48

VERDADE: A Verdade aqui também não é apenas uma Virtude, mas um Princípio. Em sua natureza Absoluta, Ela é o Principio de Tudo. Ela pode ser entendida como Honestidade, mas não é apenas isto. Dela se deriva a Honestidade, Justiça, Honra e Espiritualidade. Em Asatru, não temos o conceito de pecado, céu e inferno, bem e mal absolutos e outras coisas limitadoras do pensamento humano como estes conceitos abraãmicos. Temos um provérbio: "Se você acredita em inferno, provavelmente você já vive em um." Um Asatruar não procurara ser Honesto e Honrado para agradar aos Deuses, e sim para melhorar seu padrão e modo de Vida, e com isto, conquistar o respeito das pessoas a sua volta. Se você não for honesto, as pessoas tenderão a não confiar em sua palavra, não importa o quão gostem de você. Você não teria credito em nenhuma parte, afora que muitos não perderia seu tempo em respeita-lo. Isso é motivo o suficiente para ser Honesto sem envolver os Deuses nesta questão? A Verdade é o principio motriz do Universo. A Grande Semente Absoluta de todas as coisas. Se você pretende ser um Vikt ou Mago autêntico, a Verdade deve estar intimamente ligada aos seus lábios e seu coração, assim quando você for lançar um encanto (cast a spell), ele lhe custara menos, justamente porque suas próprias palavras do encantamento terão força motriz para interferir na realidade. E sim, o spell nunca é de graça. Lembrem-se, "Um Presente exige Outro..." Ou vocês pensam que os Deuses são nossos escravos? (risos)

"Perguntar bem, responder corretamente,
São as marcas do homem sábio:
Homens devem falar dos feitos dos homens,
O que acontece não pode ser oculto.
" Havamal - Verso 28 

"Para um falso amigo a trilha enrola
Apesar de sua casa ficar na estrada.
Para um garantido amigo ha um atalho,
Apesar dele vir de um longo caminho.
" Havamal - Verso 34 

Nota: como o Havamal ensina, mesmo Lorde Wotan teve que pagar um preço quando ele agiu de uma forma desonesta. O preço foi sua reputação.

"Odhinn, eles disseram, proferiu um juramento sob seu anel:
Quem de agora em diante irá confiar nele?
Pela fraude na festa ele embebedou
Suttung E trouxe agravo para Gunnlod."
Havamal - Verso 110

HONRA: Nada melhor vem a minha cabeça para começar a falar sobre esse tópico interessante do que um velho provérbio Japonês muito usado pêlos Samurais na Interpretação de seu Bushidô. "Honra não é Orgulho. É Consciência do que se Tem." Muitas pessoas confundem honra com orgulho ou dignidade pessoal. Quanto ao orgulho, ele em si não é Honra, mas você pode ter Orgulho de Sua Honra de uma maneira positiva, sem que isso pareça arrogância. Dignidade pessoal? Honra também não é isto diretamente, embora ações honradas gerem por si só a Dignidade pessoal. Se você não age com Honra, você é indigno e obviamente (por uma questão de semântica) você não possui dignidade pessoal. Honra é jogar limpo (Fair-Play). A Virtude da Honra é formada pêlos Princípios de Verdade e Coragem. Verdade para admitir suas verdadeiras responsabilidades e Coragem para assumi-las.

"Um todo temperamental, homem infeliz
Ridiculariza tudo que ele ouve,
Se diverte as custas dos outros, recusando sempre
A ver as faltas em si próprio
" Havamal - verso 22

"Nenhum homem é tão generoso a ponto de recusar
Um presente em retribuição de um presente,
Nenhum homem é tão rico ao ponto de realmente
Sofrer ao ser recompensado
." Havamal - Verso 39

FIDELIDADE: Ou Lealdade, se preferirem. Fidelidade não é apenas dar exclusividade sexual ao seu parceiro amoroso como assim já foi especulado. Você pode não dar exclusividade e ainda por cima ser fiel. Se você seguir todos estes princípios, você estará sendo fiel a eles. Você pode ser fiel a uma causa, pátria, pessoa ou religião. Ao meu ver, e ao ver das antigas culturas pagãs, exclusividade sexual não era prova de amor, nem era obrigatório em um casamento. O Ocidente tem a mania de rotular tipos de amor. Você ama seu pai? Você ama sua Mãe? Você ama a flor a qual aspiras o seu perfume? Você ama seu namorado ou namorada? Se a resposta for sim para todas, e a resposta for correta, saiba que o amor que você sente por todos estes itens citados é do mesmo tipo. Quando você ama, você quer o bem do que você ama, mesmo que em detrimento do seu. Se você ama um garoto ou garota, você quer que ele seja feliz contigo, sem você ou não só com você. Se você ama uma rosa, como você agiria? Você aspiraria seu perfume, se deliciaria com ele, regaria a roseira e adubaria seu solo ou você limitaria seu tempo de vida ainda mais cortando a pelo caule e colocando a em um vaso para enfeitar a sua sala para só você e quem você quiser, aspirar seu perfume e apreciar sua beleza até que ela definhe e morra? Porém, se o acordo do relacionamento foi de exclusividade, ai sim você não estaria sendo fiel a algo se você não desse exclusividade ao seu parceiro ou parceira. Agir corretamente de acordo com os princípios, sem se desviar deles é fidelidade, portanto, se você agir com coragem, verdade, honra e disciplina, você estaria sendo Fiel. Mas será apenas isto? Se for, para que se dar ao trabalho de cita-la? Porque não é apenas isto. Se você acredita em algo, em algum ideal, se você JAMAIS negligencia suas responsabilidades ou as pessoas que você ama, como sua família e seus filhos, se você se preocupa em honrar seus ancestrais, seja diretamente, prestando homenagens ou indiretamente, honrando sua memória agindo corretamente, se você é capaz de colocar seu próprio corpo na frente de sua mulher ou seus filhos para preservar a vida deles, você estará praticando a assim chamada fidelidade absoluta ou fidelidade até a morte. Nisto, esta virtude se assemelha ao Auto - Sacrifício. O Auto - Sacrifício é formado pêlos princípios de Amor e Coragem. E é o Auto - Sacrifício que torna a virtude da Fidelidade como algo Distinto da soma das partes das outras Virtudes citadas. Lembrem - se: SEMPER FIDELIX!

"Com presentes os amigos devem se agraciar mutuamente,
Com um escudo ou um paletó custoso:
Dadivas mutuas fazem durar a amizade
Tanto longa quão a vida ir bem,
" Havamal - Verso 41 

"Um homem deve ser leal para a vida toda aos seus amigos,
E retribuir um presente por outro,
Rir quando eles rirem,mas com mentiras retornar
Um falso inimigo que mente.
" Havamal - Verso 42 

"Um homem deve ser leal para a vida toda aos seus amigos,
Para eles e para os amigos destes,
Mas nunca um homem deve oferecer
Sua amizade aos inimigos destes.
" Havamal - Verso 43 

"Jovem e sozinho em uma longa via,
Uma vez eu perdi meu caminho:
Rico eu me senti quando eu achei outro;
O homem se regozija no homem.
" Havamal - Verso 47 

"O jovem abeto que cai e apodrece
Sem Ter agulhas nem casca,
Assim é o fado do homem sem amigos:
Porque teria ele de viver longamente?
" Havamal - Verso 50

DISCIPLINA: (JUSTIÇA) O Universo provém do caos, portanto o caos é o elemento gerador da existência. Entretanto, se só houvesse o caos, o universo seria apenas um elemento em constante mudança, sem nada a ser criado ou estabilizado. Para tanto, para se contrapor ao caos, existe a Ordem que é o elemento estabilizador. Porém, se houver Ordem demais, acaba se gerando outro problema que é a estagnação. Para tanto, também há o principio da Entropia ou destruição, que elimina os excessos dos dois e "destroi o velho para que o novo possa nascer". É claro que destruição em excesso também não é nada interessante. Nem preciso explicar o porque, não? Equilibrar estas três forças seria Disciplina em uma visão cósmica, mas o que interessa e a Disciplina em um plano mais relativo e terreno. No nosso caso, Liberdade (caos) é interessante, liberdade absoluta, ainda mais, mas não podemos esquecer que vivemos em sociedade e para uma convivência salutar, é necessário limitar a liberdade de um aonde começa a liberdade de outro. Para tanto, é preciso se estabelecer regras ou Lei (Ordem). E quando estas são quebradas, é necessário usar de uma força disciplinar, destrutiva, quando preciso, para voltar a estabelecer a harmonia e a Justiça. Porém, "a verdadeira Justiça não é apenas punir as ações maléficas, mas recompensar as ações benéficas." A Justiça perfeita é aquela que ambos os lados concordam que é o certo a fazer, mas infelizmente isso é uma Utopia nem sempre realizável, afinal, nem todos são adeptos do Jogo-limpo (Fair-play). A Virtude da Justiça e formada pêlos princípios de Verdade e Amor. A realização da Verdade, temperada pelo Amor.

"Menos bem do que se crê estar
É o hidromel para os filhos dos homens:
Um homem sabe cada vez menos quanto mais ele bebe,
Torna se um Tolo embriagado,
" Havamal - Verse 12 

"O amigos mais Libertinos pode cair afora
Quando eles sentarem a mesa do banquete:
Isto é, e certamente será, uma coisa vergonhosa
Quando os hospedes se altercarem (briga) com os hospedes,
" Havamal - Verse 32 

"O gado morre, os kindreds morrem,
Todo homem é mortal:
Mas o bom nome nunca morre
De alguém cujas obras foram bem feitas
" Havamal - Verse 76

HOSPITALIDADE: Nada melhor para começar a falar sobre esta Virtude do que um Trecho do Havamal, as Palavras do Altíssimo.: "Fire is needed by the newcomer Whose knees are frozen numb; Meat and clean linen a man needs Who has fared across the fells" que em português quer dizer "Fogo é preciso para o recém - chegado, para aqueles joelhos que estão congelados até as juntas; Comida e roupas limpas um homem (aqui entenda se também as mulheres) que cruzou as colinas necessita." Assim, Você estará praticando Verdade, Coragem, fidelidade (pois você convidou, senão ele(a) não seria seu hospede), Justiça (igualmente, porque você o convidou e ele(a) cruzou colinas para te ver.) e como na virtude da Disciplina, para acrescentar algo que de a esta virtude sua individualidade, eu acrescentaria Compaixão que é baseada no Princípio do Amor. Mas Hospitalidade não é apenas Compaixão. Existem certas regras de hospitalidade as quais devem ser seguidas. O Havamal trata muito bem disso. Trata inclusive sobre como agir quando sob um eventual abuso de hospitalidade.

"Fogo é necessitado pelo recém chegado
Aquele cujos joelhos estão congelados e entorpecidos;
Carne e linho limpo um homem necessita
Aquele que cruzou os vales,
" Havamal-Verso 3 

"Um hospede deve ser cortes
Quando ele vier a mesa
E sentar em previdente silêncio,
Seus ouvidos atentos,seus olhos alerta:
Assim ele protege a si próprio,
" Havamal-Verso 7 

"O sábio hospede teve seu modo de lidar
Com aqueles que o difamam a mesa:
Ele sorri através do hidromel,não parecendo ouvir
A tagarelice falada pelos seus inimigos
" Havamal - verse 31

e sobre
Compaixão:
"Generosidade traz credito e honra,
que apoia a dignidade de alguém; 
fornece ajuda e subsistencia a todos os
homens falidos destituidos de qualquer coisa. "O Poema Runico Anglo-Saxonico"
LABORIOSIDADE: Esta em si já gera as duas próximas Virtudes. Trabalhar com Labor
significa produzir. O oposto desta Virtude justamente com a próxima seria o Parasitismo que é viver as custas dos outros, sem ao menos tentar colaborar com algo. Você trabalhar duro para ganhar o seu pão e poder assim, usufruir dele e dos seus frutos. Para tanto é necessário Coragem, Perseverança e Sabedoria, pois com tantos aproveitadores neste mundo, a Sabedoria é necessária para se atingir a prosperidade.

"É melhor Ter uma cabana pequena,
E ser o mestre em seu próprio lar:
Um bode e uma cabra e um teto encordoado
Ainda serão melhores do que ser um pedinte.
" Havamal - Verse 36

INDEPENDÊNCIA: (AUTO CONFIANÇA) O termo original em inglês é "Self - Reliance" e quer dizer ambas as coisas. Mas a essência desta Virtude é a Liberdade e o desejo por ela de uma forma honrada. Se você age com liberdade mas parasita alguém sem sequer colaborar com nada para esta pessoa, você não estará praticando esta virtude. No sentido de Auto Confiança, se você confiar nos deuses e não confiar em si próprio, não serás capaz de nada. Vivemos em um pais de predominância Cristã e estamos acostumados a ver muitas pessoas viver a mediocridade de confiar em um suposto deus absoluto e responsabiliza-lo por tudo que da certo nas suas vidas se esquecendo de todas as ações acertadas que tomaram, esquecem que são um elemento de mudança do mundo de muita importância. Também responsabilizam um suposto diabo por suas atitudes errôneas fazendo assim o ato de lavar as mãos ou se omitindo de suas responsabilidades consigo próprios, com suas famílias e a sociedade. Esta virtude é justamente o oposto disso. Você e mais ninguém, é responsável por suas ações. E se você é independente, tens todo direito a sua Liberdade, portanto podemos interpretar essa virtude como Liberdade com um senso de auto responsabilidade por seus atos. A tradição Asatru valoriza mais do que tudo esta liberdade. Um regime de governo ideal para nós e nossa visão seria a Democracia Anárquica. Ou seja, se você não mete seu nariz (se intrometer) na vida de ninguém, ninguém tem o direito de se intrometer na sua vida.

"É melhor Ter uma cabana pequena,
E ser o mestre em seu próprio lar:
Seu coração sangra no pedinte que precisa
Pedir por cada refeição para se alimentar.
" Havamal - Verse 37


PERSEVERANÇA: (Paciência) O que comentar sobre essa virtude que não foi comentado na nota sobre a Virtude e Principio da Coragem? Praticar perseverança é ter a coragem para enfrentar seus próprios limites e ir até o fim para se estabelecer e realizar suas metas. De certo não se pode atingir o topo de uma montanha com apenas um salto, a não ser que vc seja um Super-Homem ou pular tão alto quanto o Hulk. Mas passo a passo, e um de cada vez, você pode atingir o topo da montanha, e quando atingi-lo, deve se lembrar que cada um dos pequenos passos dentre as centenas deles que você precisou dar para atingir este topo, foi igualmente importante, com exceção do primeiro passo. O primeiro foi o mais importante de todos, pois foi sua iniciativa e perseverança que o levara até lá.

"É sempre melhor estar vivo,
Os vivos podem cuidar de uma vaca.
Fogo, eu vi, aquecendo um homem saudável,
Com um cadáver enregelado em sua porta..
"
Havamal - Verso 70 (sobre perseverança em viver)

"Creio que me pendurei na árvora batida pelos ventos,
e lá me balancei durante nove dias e nove noites,
acutilado por uma espada
ensanguentada em louvor de Odin,
numa oferta de mim para mim.
Amarrado nessa árvore,
homem algum sabe até onde vão suas raízes.
Ninguém me deu de comer,
ninguém me deu de beber.
Desci às profundezas, e com um grito pungente,
apossei-me das runas, daquela árvore caí desmaiado." Havamal - verse 138, 139 

Pra concluir, meu conceito de Espiritualidade não é simplesmente uma religião ou prática religiosa, mas uma busca constante para conhecer, testar, aperfeiçoar e realizar a minha verdadeira essência interior. Tal Espiritualidade é formada pêlos princípios de Verdade, Amor e Coragem. Para um Asatruar, isto significa não apenas praticar as virtudes aqui descritas e tentar estudar mais sobre as nossas escrituras e os Deuses, mas também significa uma harmonia de si com a natureza e suas Leis.

E quanto a Humildade, ela não deve ser confundida com resignação ou auto degradação. Há um ditado Judeu Qaballista que afirma que "a coroa de Deus (Kether/esfera da arvore da vida) é a Humildade. Se você levanta seu nariz demais com sua arrogância, a coroa cai de sua cabeça." Porém alguns Qaballistas acrescentam: "Mas se você abaixar demais a cabeça, ela (a coroa) também cairá de sua cabeça." Portanto, para ser humilde, não é necessário ser capacho do alheio, basta não ficar falando muito das SUAS virtudes. Deixe que os outros falem por ti. Conhecem aquele ditado americano? "Nunca compre carros em uma concessionária cujo dono se chame Honest Joe (João Honesto)." (risos) Se ele fosse honesto realmente, ele já seria conhecido pela sua honestidade, tornando desnecessário a propaganda.

"O tolo que pensa ser ele cheio de sabedoria.
Quando ele se senta a lareira (com sua família) em seu lar,
Rapidamente se acha questionado pelos outros.
Ai ele sabe que não sabe de nada ao fim.
" Havamal - verso 26 

"Um homem entre amigos jamais deve zombar de outro:
Muitos acreditam no homem
Que não é questionado por saber muito
E assim ele escapa de seu escárnio.
" Havamal - verso 30 

"De seu conhecimento um homem jamais deve fazer bazófia(gabar-se),
De preferencia, seja econômico no falar
Quando a sua casa um sábio vier:
Raramente aqueles que estão em silêncio
cometem erros; a mãe esperteza
É sempre uma amiga fiel,
" Havamal - Verso 6 


Copyright (c) Octavio Augusto Okimoto Alves de Carvalho 1999
Goði Meðal Mikit Stor-Ljón Oddhinssonn
Ásatrú Vanatrú - Forn Sed Brazil
Tradicionalismo Religioso Nórdico
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Fonte: http://www.angelfire.com/wy/wyrd/index2.html

segunda-feira, 19 de março de 2012

Arkona



Arkona (em russo: Аркона) é uma banda russa de folk metal, formada em Moscou. Há uma grande influência do folclore russo e da mitologia eslava em suas letras, e sua música incorpora instrumentação tradicional russa. Há ainda presença constante de coros como back vocal, algo também típico da música russa. Todas as composições da banda são cantadas e batizadas em russo, sendo seus álbuns também nomeados nesta língua e com todas as escritas em alfabeto cirílico.

História

Em 2002, na capital russa, Moscou, a vocalista Masha, na época integrante da banda Bloody Mary, fundou um grupo de heavy metal chamado Hyperborea. Como o Bloody Mary era uma banda de gothic metal e Masha estava mais interessada em dedicar-se a criar músicas voltadas ao folclore eslavo, ela teve que criar uma nova banda, que os integrantes da Bloody Mary não quiseram participar, mas para cooperar com Masha, eles gravaram a demo juntamente com ela. Pouco tempo após o surgimento de sua nova banda, a mesma passaria a se chamar Arkona, nome que faz referência à última cidade-castelo eslava, destruída em 1168 pelo cruzado Absalon e pelo imperador Valdemar, o Grande, da Dinamarca. O primeiro trabalho a ser lançado pela banda foi uma demo chamada Rus, em 2003, contendo apenas três músicas e totalizando pouco mais de 16 minutos de duração.

Primeiros Álbuns

Em 2004 a banda lançou seu primeiro álbum, batizado como Vozrozhdenie (Revivificação, em português), contendo doze composições. Predominantemente, a banda abordava como tema a história dos povos eslavos. Surpreendentemente, ainda em 2004, o Arkona lançou um segundo álbum, que receberia o nome de Lepta (que significa Contribuição), com nove músicas. Em setembro de 2005 o Arkona volta a lançar um álbum, desta vez com o trabalho recebendo o nome de Vo Slavu Velikim!, trazendo nada menos que quatorze novas composições e participações espciais de músicos de outras bandas russas como Svarga, Marvent e Alkonost. Em 15 de março de 2006 o Arkona lançou, simultaneamente, seu primeiro DVD e seu primeiro álbum ao vivo, ambos recebendo o nome de Zhizn Vo Slavu. O DVD continha onze músicas gravadas durante um show no Relax Club, em Moscou, enquanto o álbum trazia quatorze faixas. As onze primeiras eram gravadas ao vivo durante um show realizado pela banda em 23 de outubro de 2005 em Moscou. As três faixas seguintes eram todas da demo lançada pela banda em 2003. 

Ot Serdtsa K Nebu e Outros Frutos

Em 31 de outubro de 2007 o Arkona lançou o álbum Ot Serdtsa K Nebu (que significa Do Coração Para o Céu), considerado um dos melhores trabalhos da banda. O trabalho é também considerado um divisor de águas para o grupo, que passou a ser muito mais conhecido no exterior após o lançamento do mesmo. O álbum, gravado entre maio e setembro de 2007, trazia onze novas composições e participação de vários músicos e contores formando corais. Em 31 de dezembro de 2008, um pequeno susto: o baterista do Arkona, Vladimir Sokolov, foi atropelado por um automóvel que movia-se em alta velocidade. Sokolov chegou a ser internado em um hospital, mas foi liberado quando se constatou que ele não havia sido ferido com gravidade. Em 11 de fevereiro de 2009 o Arkona lança seu segundo DVD, de nome Noch Velesova, contendo trinta músicas gravadas ao vivo em Moscou em 31 de outubro do ano anterior, por ocasião do lançamento do álbum Ot Serdtsa K Nebu. O DVD foi lançado, ao longo de maio e junho em países como Finlândia, Espanha, Alemanha, Áustria, Suíça, França, Itália, Suécia, Canadá, Estados Unidos, entre outros. Ainda em 2009 o Arkona lança o álbum Poem Vmeste, contendo quinze músicas. Contudo, as músicas contidas no trabalho eram algumas das principais faixas compostas pela banda, revisitadas sem a parte vocal. Era, desta forma, um álbum para karaokê. 

Goi, Rode, Goi e Além 

Em 28 de outubro de 2009 o Arkona lança o álbum Goi, Rode, Goi, que foi muito bem recebido pela crítica. O trabalho foi produzido por Masha "Scream", vocalista do Arkona, e por Sergey "Lazar", guitarrista da banda. Entre os músicos participantes que fizeram parte como convidados para a gravação do trabalho encontram-se integrantes de grupos como Heidevolk, Tverd, Skyforger, Obtest, Månegarm, Kalevala, Rarog, Menhir e Svarga cantando ou tocando instrumentos tradicionais da cultura eslava. Ao todo, o trabalho contou com a participação de mais de quarenta convidados. O álbum continha quatorze das principais músicas até então compostas pela banda, criando terreno fértil para uma promissora turnê internacional. O nome do trabalho faz referência a Rode, um deus eslavo considerado o criador do Universo. Após o lançamento de Goi, Rode, Goi o Arkona passou a colher alguns frutos de sua promissora carreira. Neste contexto, o Arkona pode ser considerada uma das mais bem sucedidas bandas da Rússia, pois já realizou uma série de apresentações em diversos países. Entre 2007 e o final de 2010, o grupo gravou quatro videoclipes oficiais, respectivamente para as músicas Slavsia, Rus (do álbum Od Serdtsa K Nebu), Goi, Rode, Goi, Liki Bessmertnykh Bogov e Yarilo (todas estas do álbum Goi, Rode, Goi). Ainda em 2010, o Arkona apresentou-se no festival Paganfest, ao lado de bandas como Finntroll, Eluveitie, Dornenreich, Varg, entre outras, passando por países como Dinamarca, Reino Unido, Eslováquia, França, Alemanha, Áustria, Holanda e Itália, entre os meses de fevereiro e março. No início de 2011 o grupo anunciou sua passagem pelo Brasil, para a realização de pelo menos dois shows, sendo um em São Paulo e outro em Curitiba. Na mesma época o grupo foi confirmado como uma das atrações para o festival Graspop Metal Meeting, na Bélgica, apresentando-se ao lado de grandes nomes do heavy metal como Sepultura, Cavalera Conspiracy, Monster Magnet, Iced Earth, Scorpions, Volbeat, Ozzy Osbourne, Epica, Spiritual Beggars, Moonspell, Judas Priest, Whitesnake, Amorphis, Kreator entre outras. Também foi escalado para apresentar-se no Metalfest Open Air 2011, um festival itinerante, passando pela Alemanha, Áustria e Suíça. Na Alemanha, o Arkona foi ainda escalado para apresentar-se no Summer Open Air, em julho de 2011, ao lado de bandas como Samael, Cavalera Conspiracy, Bullet For My Valentine, Hatebreed, Agnostic Front, entre outras. A banda também foi incluída no Metalcamp 2011, festival itinerante que acontece no verão europeu, passando por países como Alemanha, Áustria, Luxemburgo, Eslovênia, Polônia, entre outros. Por ocasião deste festival, o Arkona foi escalado para apresentar-se com bandaas como Accept, Alestorm, Amorphis, Blind Guardian, Brujeria, entre outros.


Discografia
  • 2002 – "Rus" (demo)
  • 2004 – "Vozhrozhdenie"
  • 2004 – "Lepta"
  • 2005 – "Vo Slavu Velikim!"
  • 2006 – "Zhizn Vo Slavu…" (ao vivo)
  • 2007 – "Ot Serdtsa K Nebu"
  • 2009 – "Noch Velesova" (ao vivo)
  • 2009 - "Poem Vmeste" (compilação)
  • 2009 – "Goi, Rode, Goi!"
  • 2011 - "Stenka na Stenku" (EP anunciado para 1 de junho de 2011)
  • 2011 - "Slovo"
 

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Fonte: Wikipédia.

Obs: sabemos que o Wikipédia não goza de boa reputação em termos de pesquisa, mas foi onde achei um texto melhor escrito, sem subjetividades e com boas informações sobre a banda.

Arkona no Brasil


domingo, 18 de março de 2012

As Crônicas Saxônicas - O Último Reino

O Último Reino (no original, The Last Kingdom) é o primeiro livro da série Crônicas Saxônicas (The Saxon Stories), do autor inglês Bernard Cornwell. Lançado em 2004 na Inglaterra e em 2006 no Brasil, é seguido pelos livros O Cavaleiro da Morte, Os Senhores do Norte, A Canção da Espada e o mais recente, Terra em Chamas.

Sinopse

O livro conta a história da invasão dinamarquesa à Ilha Britânica - hoje formada por Inglaterra, Escócia e País de Gales - sob a visão de Uhtred Uhtredson (ou Uhtred Ragnarson), filho de Uhtred, ealdorman (senhor) de Bebbanburg. Bebbanburg (atual Bamburgh) é uma fortaleza que fica ao norte da ilha, no reino da Nortúmbria (na atual região de Northumberland). Essa fortaleza era conhecida como inexpugnável, já que nunca houve um exército capaz de tomá-la. Uhtred, o filho, junto com seu pai avista os dinamarqueses chegando à ilha e montando seus acampamentos. Na mesma noite, numa patrulha ordenada pelo seu pai, seu irmão mais velho e morto pelos invasores e isso é o estopim para o início de um série de batalhas narradas no livro. O pai de Uhtred acaba morrendo em uma dessas batalhas e ele próprio sendo capturado por Ragnar, matador de seu irmão, um jarl (senhor) dinarmarquês poderoso, que passa a criar Uhtred junto de seus filhos.

Uhtred então cresce como um dinamarquês, aprende sua língua e sua cultura, e se sente mais próximo dela do que de sua cultura natal, em Bebbanburg. Sobretudo, identifica-se com o paganismo dinamarquês, que lembra a antiga religião dos saxões, em contraste com o cristianismo que passara a dominar a sociedade saxônica e que sempre fora desprezado por Uhtred.

Nesse meio tempo em que Uhtred fica sob o poder dos dinamarqueses, Bebbanburg cai sob o jugo de seu tio, Aelfric, que chega a tramar sua morte para consolidar o domínio sobre aquelas terras. Mesmo apreciando a cultura e os costumes dinamarqueses, Uhtred nunca esquece de sua bela fortaleza e da traição de seu tio, desejando voltar para reconquistá-la.

Ao longo da juventude, o personagem vê-se dividido entre o amor pelos dinamarqueses, que rapidamente trucidam os reinos saxões, e o senso de dever para com seu próprio povo, cuja sobrevivência é posta à prova. Essa lealdade dividida torna-se ainda mais acentuada quando Uhtred envolve-se com Alfredo, rei de Wessex, a quem odeia mas a quem deve tudo o que tem na vida.

Personagens
    • Uhtred Uhtredson: narrador da crônica, é herdeiro de Bebbanburg e filho de criação de Ragnar, passando a chamar-se Uhtred Ragnarson e a lutar ao lado dos invasores dinamarqueses. Posteriormente, envolve-se em laços de vassalagem para com Alfredo de Wessex e volta a lutar pelos saxões.
    • Ragnar: importante jarl dinamarquês, derrota o pai de Uhtred em batalha e o toma como filho adotivo. Ensina a Uhtred os costumes e o modo de vida dinamarquês, os quais ele passa a admirar.
    • Ragnar Ragnarson: filho mais velho de Ragnar, torna-se grande amigo de Uhtred - amizade que permanece mesmo quando ambos encontram-se em lados opostos.
    • Alfredo de Wessex: Alfredo o Grande, rei de Wessex à época da narrativa, único reino saxão a resistir à invasão dinamarquesa. Desenvolve uma relação de lealdade e ódio com Uhtred, principalmente pelas divergências religiosas entre ambos.
    • Ivar Lothbrok: líder da invasão dinamarquesa e senhor e amigo de Ragnar.
    • Ubba Lothbrok: irmão de Ivar e amigo de Ragnar, feroz guerreiro dinamarquês que lidera um dos ataques a Wessex.
    • Guthrum: grande chefe dinamarquês, rivaliza com os irmãos Lothbrok pela liderança na invasão de Wessex.
    • Kjartan: lugar-tenente de Ragnar na Nortúmbria que revela-se desleal.
    • Sven: filho de Kjartan, torna-se inimigo de Uhtred ainda na infância, o que provocará o rompimento entre Kjartan e Ragnar.
    • Beocca: padre em Bebbanburg, torna-se servidor de Alfredo após a morte do pai de Uhtred. Mantém-se um amigo fiel a Uhtred, apesar de não perdoá-lo por sua fé pagã.

    Base Histórica

    Bernard Cornwell, conhecido estudioso da História Inglesa, ambienta essa narrativa na segunda metade do século IX, época das invasões dinamarquesas aos reinos saxões que viriam a formar a Inglaterra. Utilizando-se, em primeiro plano, de personagens fictícios (Uhtred, Ragnar), apresenta, em um segundo plano, o avanço dinamarquês sobre os saxões e a resistência de Wessex sob o comando de Alfredo.

    Este primeiro volume da série apresenta a queda dos três primeiros reinos saxões (Nortúmbria, Ânglia Oriental e Mércia) e as primeiras tentativas frustradas de invasão de Wessex - como a Batalha de Reading e a invasão a Exeter.

    Alfredo e sua família são personagens históricos, assim como os demais reis saxões que caem perante os dinamarqueses. Guthrum também é um personagem real, que depois de convertido ao Cristianismo se tornará o rei Aethelstan de Ânglia. Os irmãos Lothbrok seriam filhos do semi-legendário rei viking Ragnar Lodbrok, que não aparece na crônica. Segundo os registros históricos ingleses, Ivar e Ubba teriam sido, de fato, os líderes da invasão dinamarquesa.

    A execução do rei Edmundo de Ânglia Oriental (Santo Edmundo), provavelmente a mando de Ivar, também é relatada na história da vida do santo.
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    Fonte: Wikipédia

    Obs: sabemos que o Wikipédia não goza de boa reputação em termos de pesquisa, mas foi onde achei um texto melhor escrito, sem subjetividades.

    sábado, 17 de março de 2012

    Sangre Cavallum

    Herança. Cultura. Tradição. Todas palavras com um significado muito particular para os Sangre Cavallum. Para perceber melhor o que significam e para discutir os seus dois mais recentes trabalhos, falamos com B. Ardo, o motor criativo de uma das melhores bandas folk portuguesas.

    Quando se deu a génese de Sangre Cavallum?

    Foi num Inverno há dez anos atrás. O interesse pela música como elemento mágico e criador vinha dos anos 80 onde todos tivemos experiências diversas. O passo para Sangre Cavallum deu-se pela necessidade de cantar a Callaecia, cantar a nossa terra e as suas tradições. Para o efeito começamos a usar instrumentos tradicionais em bárbaro convívio com os modernos equipamentos de hoje. Juntámo-nos pela luta espiritual que nos une e pela vontade de percorrer o nosso próprio caminho. Assim quisemos criar a nossa música sem vassalagem às imposições culturais, leia-se genocídio cultural, das sociedades modernas.

    A nível musical, os membros da banda têm formação académica na área ou aprenderam sempre com base na prática?

    Apenas um elemento, a Corinna Ardo, tem formação clássica de piano, instrumento que por ora raramente usámos. Tal como eu, os restantes elementos (Jorge Ricardo, R. Coutinho, A. Rangel e Emanuel Melo da Cunha) são autodidactas ou com alguma formação tradicional. Somos oriundos de áreas como o rock alternativo de 80, o punk, a música experimental ou o folclore minhoto.

    Quais são as principais referências e influências na sonoridade de Sangre Cavallum?

    Concerteza que fomos influenciados por bandas como Death in June, Sol Invictus ou Joy of Life, ou ainda Joy Division, And Also the Trees, Test Department ou Bauhaus. Do lado do folk os eternos Malicorne, Banda do Casaco, Milladoiro, Steeleye Span ou Alan Stivel. Contudo, parece-nos que a maior influência, aquando na formação da banda, veio dos grupos de gaiteiros mirandeses, dos pastores, dos cantares de trabalho e dos arrepiantes grupos de Zé-pereiras que muito estimámos desde do Vale do Sousa ao Alto-Minho.

    E qual o papel do folclore tradicional nos vosso trabalhos?

    Há elementos tradicionais do Norte de Portugal e da Galiza que se podem detectar na nossa música. Outros são mais sublimes ou até se encontram ocultos no interior dos temas. Não há uma preocupação excessiva quanto à autenticidade. A tradição é uma sementeira viva e criadora, cada intérprete vai acrescentando a sua marca e os elementos da sua realidade e da sua memória. Não fazemos música de época, podemos perfeitamente combinar um instrumento com 150 anos e um qualquer software e daí resultar uma canção. A tradição não é uma relíquia dentro de um armário, é antes um fogo vivo.

    É notável a quantidade de instrumentos utilizados na criação da vossa música. Quão importante é o seu papel no contexto de Sangre Cavallum, musicalmente e socialmente?

    Cada instrumento conta uma história. De cada um brota uma musicalidade, uma linha melódica que muitas vezes não se inventa noutro instrumento. Há uma riqueza tímbrica que não se repete e que advém das madeiras, do construtor e da vida a que o instrumento esteve sujeito. Normalmente preferimos os instrumentos em segunda-mão ou então feitos à nossa medida nos nossos amigos construtores – que nas mãos gretadas guardam magias antigas, música e tradição.
     
    Desde a edição da vossa primeira gravação até ao primeiro álbum decorreram cerca de 6 anos, tendo “Pátria Granítica” e “Barco do Vinho” saído 2 anos depois. Foram-se tornando mais produtivos ao longo dos anos?

    Os lançamentos não são prioritários, temos outros interesses ligados à música que não passam pelo registo sonoro e pela sua divulgação. Sempre houve um bom ritmo de trabalho e o nosso arquivo é hoje muito extenso, é o nosso maior património. Nessa altura gravámos mais dois álbuns não editados e outros temas para lançamentos futuros. A explicação é simples, não trabalhámos sob qualquer pressão editorial. Há apenas a vontade autónoma de editar, ou não, em determinadas datas e circunstâncias.

    Com dois trabalhos lançados no mesmo ano, quais são as principais diferenças entre eles?

    A maior diferença reside na temática. As diferenças musicais em nada nos inquietam, fazemos sempre o que gostámos. O facto de haver um cruzamento entre os dois projectos não altera o processo criativo. Conhecemo-nos bem e sabemos como cada projecto trabalha. Em termos de gravação há algumas diferenças. Houve partes que foram gravadas presencialmente enquanto outras se dependeram da troca postal.

    Todo o conceito lírico de “Pátria Granítica” gira em redor do legado histórico dos nossos antepassados. Quais serão as características principais desses tempos que não consideram existir actualmente?

    Honra, fidelidade, intolerância e protecção familiar são elementos de uma visão que gira em redor do combate perpétuo, ao serviço da raça e da terra, e nunca em redor da paz podre e artificial do materialismo cristão. Estes e outros elementos elevam o sentir comunitário. Outra das verdades esquecidas é o encarar a morte com a dignidade de um triunfo, de uma vitória. Todos estes valores devem ser transmitidos aos nossos filhos em forma de glosa heróica ou canções evocativas, assim se faz da música e do lirismo, verdadeiros fachos do espírito. O actual e fastidioso chorrilho humanista é apenas ruído para os nossos ouvidos.

    E porquê a temática do Vinho como catalisador da inspiração do split com Allerseelen? Era uma ideia já a pairar há muito tempo?

    Sim, a ideia foi fermentando durante algum tempo e na altura certa começamos a trabalhar. O vinho encerra muito de mágico e de comunitário. Fazer o vinho é um trabalho que une a fertilidade da terra e a arte e força dos homens.

    Qual foi a principal motivação para a publicação deste split?
     
    A vontade de trabalhar em conjunto e a admiração pelo vinho levou-nos a pensar neste trabalho. Há muitos gostos e aspirações comuns daí que seja sempre provável que nasçam ideias conjuntas. A colaboração entre projectos não é prova de qualquer aliança ou pacto, é a prova de que ombro a ombro se caminha firmemente.

    Sendo os Allerseelen uma banda Austríaca, foi difícil para eles enquadrarem-se numa temática tão nossa como a cultura vinhateira do Norte de Portugal, especificamente a relacionada ao Rio Douro?
     
    A cultura do vinho é algo transversal aos Europeus, sobretudo aos que cultivam o gosto pela terra. O Douro, pela sua sedução natural, facilmente se enquadrou nas buscas de Allerseelen. O próprio Gerhard teve oportunidade de visitar e de se deixar encantar pelo Douro e os seus vinhos.

    “Barbara Carmina” foi lançado pela Storm/Tesco mas “Pátria Granítica” e “Barco do Vinho” pela Ahnstern/Steinklang Industries. Houve alguma razão especial para a mudança?
     
    Não houve qualquer problema com a Storm e continuámos a ter projectos comuns para edições futuras. No entanto, para o volume de trabalho que se avizinha é mais adequado trabalhar com a Ahnstern. Trata-se apenas de gostarmos de trabalhar com amigos, o que acontece em ambas as editoras.

    Estão satisfeitos com o trabalho de promoção feito até agora pela Ahnstern?
     
    O trabalho com eles agrada-nos em todos os sentidos. A promoção é suficiente, a distribuição funciona bem e não há qualquer pressão ou solicitações indesejáveis. O que importa é estar longe das demandas dos mercados, das estéticas da artificialidade e, sobretudo, não engraxar botas que não as nossas.

    Acaba por ser curiosa a vossa relação próxima com projectos referência neste espectro sonoro, como Blood Axis e Allerseen. Depois de terem editado pela Storm e actuarem em Portugal com a banda de Michael Moynihan, agora que editaram pela Ahnstern e lançaram um split com Allerseen, podemos aspirar a ver-vos tocar com a banda de Gerhard Hallstatt nos próximos tempos?
     
    É natural que isso venha a acontecer. Existem os convites e serão ponderados.

    Tocar ao vivo é uma coisa que os Sangre Cavallum têm feito raramente ao longo dos anos. É uma opção própria?
     
    Por nossa vontade e natureza os concertos não são prioritários. Preferimos o silêncio do lar e o ar dos montes aos ambientes dos concertos.
     
    Mas qual foi o vosso concerto mais especial?
     
    Foi no teatro romano das ruínas de Segobriga, perto Cuenca (Espanha) no festival Arcana Europa. Tocámos sob um Sol abrasador e foi um concerto muito dedicado à nossa terra e à nossa música de raiz. Outro aspecto que muito nos agradou foi o facto de em frente ao palco existir uma grande e bela estátua sem cabeça, a lembrar Portugal sem a Galiza. Por tudo isso, foi especialmente iluminado. Contudo, os poucos concertos que tocámos foram sempre especiais.

    Há alguma banda com a qual gostariam particularmente de actuar?
     
    Agrada-nos muito a ideia de tocar com um vasto grupo de Zés-pereiras a assegurar a percussão. De resto, quaisquer dos grupos nossos amigos poderão integrar apresentações ao vivo.

    É notória a vossa aversão ao Cristianismo e orientação Pagã. Consideram-se representantes/praticantes do Paganismo tradicional, ou preferem manter-se alheios a questões religiosas ou filosóficas?
     
    Não há enquadramento possível, o melhor é mesmo não fazer parte do que quer que seja. Por certo que somos alheios a todo este enredo social, a todas psicoses que largamente afectam a sociedade actual. Por outro lado, não representámos qualquer sistema ligado ao neo-paganismo ou qualquer prática organizada. A nossa religiosidade, de culto pagão, a nós pertence. Naturalmente que crescemos lado a lado com a Cristandade mas cedo se substituiu a cruz ensanguentada por muitos símbolos solares, esses que por todo o Norte encontrámos gravados nas pedras e na nossa memória. Venha a nós o nosso reino…

    Os Sangre Cavallum têm algum papel político ou social?
     
    Não nos interessa a política, a economia e a grande conspiração que mantém apertados estes grilhões das modernas sociedades.

    Mas a passagem da mensagem de união e preservação da Callaecia é compatível com eventuais aspirações políticas de fusão do Norte de Portugal e Galiza num estado independente?
     
    Não temos qualquer interesse em novas fronteiras administrativas para a Callaecia, novos paus-mandados no poder com a inata falta de acutilância dos que hoje içam bandeiras. Não queremos mais do mesmo, ou seja, mais republicanos aldrabões, vendidos aos poderes do comércio e do Santo Lucro. Interessa-nos a unidade espiritual galaico-duriense, o Pangaleguismo, a religiosidade arcaica, o etnocentrismo e a reposição histórica, que Portugal não esqueça o seu Norte consanguíneo, a Galiza! De resto, as inconsequências políticas ficam para os abutres do costume.

    Quais são os planos de Sangre Cavallum para o futuro?
     
    Para além do muito trabalho interno, serão produzidos novos álbuns e eventualmente algumas aparições ao vivo. A tendência será o aprofundar deste cruzamento entre música de inspiração tradicional e as músicas mais underground como o Industrial, o rock psicadélico ou a música experimental. Serão efectuados alguns trabalhos com imagem vídeo entre os muitos tributos à Callaecia, às suas fontes etnográficas e aos tesouros da espiritualidade d’aquém e d’além Minho, a nossa terra transduriana.

    Se vos fosse dada a possibilidade de concretizar um objectivo ou desejo específico, qualquer coisa, o que seria?
     
    Desenterrar muitas coisas e enterrar muitas mais!

    (Entrevista feita em 2007)

    [Websites: http://www.sangrecavallum.com/ | http://www.myspace.com/sangrecavallum]
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    http://lurkersrealm.blogspot.com.br